E assim, toda a vida de Maria não foi senão um contínuo descobrir a vontade de Deus para submeter-se pronta e docilmente a ela. E se é verdade que “a obediência de Maria inspirou a concepção do Verbo de Deus; a obediência de Maria presidirá também ao nascimento do Salvador dos homens” e à sua infância.

Assim, junto a São José, seu castíssimo esposo, observa-se Maria obedecendo ao decreto de recenseamento promulgado por César Augusto (Lc 2,2-5), sofrendo com humildade e sem reclamar o infortúnio de não encontrar uma porta aberta para abrigar sua pobreza, chegando a se refugiar num estábulo, onde se completou o grande mistério de amor. Tudo isto porque via naquela provação a manifestação da vontade divina. Ali, na mais absoluta privação, “Maria obedece sempre e, sussurrando o “Fiat” da Encarnação, embala seu recém-nascido”.

Quarenta dias após o nascimento de Jesus, a voz de Deus fala novamente a Maria convidando-A a apresentar-se no Templo para purificar-Se. Mas, sendo Virgem Imaculada, cuja maternidade milagrosa não tinha sequer resquício da mancha do pecado original, como poderia essa lei de purificação atingi-la? “Pouco importa! Deus falou, Maria obedece e Se junta às outras mães, para compartilhar a humilhação”. Nesta passagem (Lc 2,21-24), contempla-se Maria obediente às prescrições da Lei judaica; Ela, que não necessitava de uma purificação legal, “porque concebida sem pecado original, virginalíssima, não tendo esposo homem, a não ser esposo Deus, estava por cima da Lei completamente. […] E que sentido tem a Mãe entregar para Deus aquilo que é de Deus? É de Deus, pois Ele, Jesus, é Filho de Deus. Não tinha sentido Ela ir no Templo para isso. Entretanto Ela quer cumprir a Lei, e Ela quer cumprir nas minúcias. E chega ao Templo e coloca o Menino Jesus nas mãos de Simeão. E, portanto, Ela entrega a Deus o que é de Deus e sabe perfeitamente o que significa aquele gesto; aquele gesto significa que Ela está entregando o Menino Jesus para a Cruz. Porque quem recebe o Menino Jesus nesse momento é Simeão, mas mais tarde no Calvário, quem estará com os braços abertos para receber não mais o Menino Jesus, mas o próprio Filho de Deus feito homem, todo chagado, é a Cruz. A Cruz está de braços abertos.

“Então, este ato é um ato que Ela cumpre porque quer ser obediente, mas cumpre com toda a compreensão da grande perspectiva que tem diante de si. E nós vemos então Nossa Senhora, nesse ato, ressaltando uma virtude extraordinária que é a virtude da obediência

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