MENSAGEM PARA AS COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE DO REGIONAL NORDESTE 3 (BAHIA E SERGIPE)

“SOMOS TODOS UM, CONECTADOS, INTERLIGADOS NA CASA COMUM.”
(DOM VICENTE, BISPO DE LIVRAMENTO DE NOSSA SENHORA)

Nós, das Comunidades Eclesiais de Base do Regional Nordeste 3, Bahia e Sergipe, leigos, leigas, religiosas, diácono, seminarista, padres e os bispos D. João Batista, bispo da Barra e referencial das CEBs do Regional, e D. Vicente de Paula Ferreira, bispo de Livramento, representantes de 18 dioceses das 26 que compõem o Regional, nos reunimos no Centro Diocesano de Livramento de Nossa Senhora, nos dias 19 a 21 de janeiro de 2024, na Ampliada Eletiva das CEBs, para rezar, agradecer e organizar a caminhada, impulsionados e impulsionadas pelo espírito do 15º Intereclesial das CEBs, realizado em julho de 2023, em Rondonópolis, Mato Grosso.

Ao longo do encontro, com as contribuições de D. Vicente e a assessoria de D. João Batista, refletimos o tema “O protagonismo das CEBS e os desafios de hoje”. Entre os muitos pontos apresentados e refletidos, queremos destacar e compartilhar alguns, com o intuito de animar e fortalecer a caminhada e a vivência das CEBs do nosso Regional:

– Na conjuntura atual da Igreja, coexistem duas realidades distintas: a cristandade e o cristianismo. Por cristandade, se entende as práticas conservadoras e alienantes, presentes em nossas comunidades, apegadas às estruturas de dominação dos corpos e das consciências, desvinculadas da realidade e dos sofrimentos do povo, ligadas ao sistema capitalista que exclui e mata e promovendo um consumismo religioso. Em outras palavras, cristandade é uma mentalidade de domínio, controle, egoísmo e alienação. Enquanto que o cristianismo é uma proposta de conversão para amar, conhecer e seguir a Jesus Cristo, que acolhe e promove a vida nos pequenos grupos e comunidades, presentes nas periferias existenciais e sociais. Nesse sentido, a Igreja que se propõe sinodal e em saída precisa caminhar de mãos dadas com a democracia e a biodiversidade, em comunhão com o Papa Francisco e os ensinamentos do Evangelho e do Magistério da Igreja, destacando aí sua doutrinal social. Na atual conjuntura eclesial, as CEBs estão como que adormecidas nas cinzas, necessitando apenas de um sopro para reavivar a esperança e a caminhada. Somos nós os responsáveis e as responsáveis por esse sopro, pois fazemos parte do mistério mais profundo da criação e acreditamos que a cristandade não tem poder de sobrevivência, ao contrário do cristianismo, cuja base é firmada no Evangelho

– As CEBs nos ajudaram a protagonizar o trabalho com os pobres, excluídos e abandonados, mesmo com as dificuldades e os desafios. Atualmente, precisamos renovar e assumir a opção preferencial pelos pobres, bem como reafirmar e fortalecer a nossa identidade de CEBs através de diversos meios, como: a promoção de círculos bíblicos encarnados na realidade do povo, a participação nos conselhos comunitários, a inserção nas pastorais sociais, a formação de novas lideranças a partir das juventudes, garantindo a elas espaços de participação e atuação, o diálogo com as diversas instituições etc. Sendo assim, as CEBs precisam combater o pessimismo presente em nossas comunidades, promovendo uma Igreja sinodal fundamentada na Palavra de Deus, alimentada pela fé, pela esperança e pela alegria de viver, tendo em mente que não somos qualquer comunidade, somos comunidades eclesiais, onde Jesus Cristo é o centro da nossa missão, por isso as CEBs precisam sair de si, ir ao encontro do outro, tendo como motivação e perspectiva o que foi dito pelo Papa Francisco: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças”.

– Nas CEBs, precisamos viver a experiência da fé, tendo consciência de que isso exige coragem, inclusive para contrapor o sistema vigente. Numa comunidade, a participação de cada membro é importante, sendo assim, quem participa da comunidade precisa se doar através da presença, da escuta e da palavra sincera. As contribuições de cada um e de cada uma são essenciais para o crescimento e o fortalecimento da comunidade. Enquanto CEBs, não podemos esquecer de que somos uma Igreja Peregrina, uma Igreja do caminho, que faz estrada junto, acreditando que é sempre tempo de partir. Mas partir exige metas. O que de fato queremos buscar? Tomemos como exemplo Maria de Nazaré, a mulher da estrada, que caminhou o tempo todo com Jesus e, como ela, precisamos fazer sacrifício em prol do Reino de Deus, ou seja, fazer algo sagrado, não nos omitir diante da missão que Deus nos confiou.

Essas reflexões, bem como a convivência e os momentos de espiritualidade desses dias, suscitaram nos participantes da Ampliada um sopro de esperança e uma vontade de, nas suas realidades locais, ser como um abano que dissipa as cinzas da morte e ao mesmo tempo reacende a chama escondida do amor, do serviço, da profecia e da missão nas comunidades.

Inspirados e inspiradas pelo Espírito de Deus, os participantes e as participantes da Ampliada elegeram a NOVA EQUIPE DE COORDENAÇÃO DAS CEBs DO REGIONAL NORDESTE-3 (nomes e Dioceses na foto acima) para o triênio 2024-2026, cuja missão consiste em animar a caminhada das Comunidades Eclesiais de Base em comunhão com a Igreja do Brasil, especificamente com a CNBB e a Ampliada Nacional das CEBs.

Sob as bençãos de Nossa Senhora do Livramento e do Mártir São Sebastião, deixamos o nosso abraço fraterno e o desejo de uma feliz missão no espirito da sinodalidade.

Livramento de Nossa Senhora, BA,
21 de janeiro de 2024.

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